Durante as primeiras semanas após a implantação do ovo, sua nutrição vai depender da digestão trofoblástica e da fagocitose do endométrio. Contudo em torno da 12ª semana de gravidez, a placenta já se desenvolveu o suficiente para que possa, daí por diante suprir todos os nutrientes que forem necessários.
Do que é formada a placenta?
A placenta é formada por um componente materno que é formado por grandes e múltiplas camadas chamadas de seios placentários por onde flui continuamente o sangue materno, e por um componente fetal que é representado, principalmente por uma grande massa de vilosidades placentárias que proeminam para o interior dos seios placentários e por cujo interior circula o sangue fetal.
Os nutrientes difundem desde o sangue materno através da membrana da vilosidade placentária para o sangue fetal, passando por um meio da veia umbilical para o feto. Por sua vez ,os excretas fetais como o gás carbônico, a uréia e outras substâncias ,difundem do sangue fetal para o sangue materno e são eliminados para o exterior pelas funções excretoras da mãe.
Os hormônios da gravidez
A placenta secreta quantidades extremamente elevadas de estrogênio e de progesterona, cerca de 30 vezes mais estrogênio do que é secretado pelo corpo lúteo e cerca de 10 vezes mais progesterona. Esses hormônios são muito importantes na promoção do desenvolvimento fetal.
Durante as primeiras semanas de gravidez, um outro hormônio também secretado pela placenta, a gonadotropina coriônica, estimula o corpo lúteo, fazendo com que continue a secretar estrogênio e progesterona durante a primeira parte da gravidez.
Esses hormônios do corpo lúteo são essenciais para a continuação da gravidez ,durante as primeiras 8 a 12 semanas, mas, após esse período a placenta secreta quantidades suficientes de estrogênio e progesterona para assegurar a manutenção da gravidez.
Ao término de aproximadamente nove meses de crescimento e de desenvolvimento, uma criança completamente formada é expulsa do útero pelo processo da parturição.
Embora a causa precisa da parturição não seja conhecida, parece resultar, fora de qualquer dúvida, de fatores tais como (1) estimulação mecânica do útero pelo feto em crescimento e (2) alterações na intensidade de secreção dos hormônios placentários, em especial do estrogênio e da progesterona.
Os hormônios desempenham um papel muito importante na gravidez. A maior parte desses hormônios é secretada pela própria placenta . Dois desses hormônios são o estrogênio e a progesterona, os dois hormônios sexuais femininos que são secretados pelos ovários durante o ciclo menstrual feminino normal.
Entretanto dois outros hormônios também importantes e, até mesmo necessários para a gravidez são a gonadotropina coriônica e a somatomamotropina coriônica humana. Esses hormônios atuam tanto sobre a mãe quanto sobre o feto.
Na mãe ajuda a controlar as alterações do útero e das mamas que são necessárias para assegurar a vida fetal até seu desenvolvimento e de promover a produção de leite. Também ajudam a regular o desenvolvimento do próprio feto, especialmente de seus órgãos sexuais.
Secreção de estrogênio e progesterona durante a gravidez
As quantidades de estrogênio e progesterona secretadas pelo corpo lúteo aumentado , são , em si mesmas, pequenas , quando comparadas às quantidades desses dois hormônios que serão secretadas pela própria placenta.
A secreção placentária desses dois hormônios começa dentro de poucas semanas após o início da gravidez e aumenta , de forma especialmente rápida, após a décima sexta semana de gravidez , atingindo o seu máximo pouco antes do nascimento do feto. A secreção de estrogênio aumenta cerca de 30 vezes , e a de progesterona cerca de 10 vezes, em relação às quantidades secretadas durante o ciclo menstrual normal.
Funções do estrogênio durante a gravidez: Na mãe provoca rápida proliferação da musculatura uterina, aumento muito acentuado do crescimento do sistema vascular para o útero, dilatação dos órgãos sexuais externos e do orifício vaginal, o que provê uma via adequadamente maior para a passagem do feto, e provavelmente também certo grau de relaxamento dos ligamentos pélvicos que permitem a dilatação do canal pélvico com passagem do feto.
Além desses efeitos sobre os órgãos reprodutivos , o estrogênio também promove o crescimento rápido das mamas. Em especial os ductos ficam muito aumentados e as células glandulares aumentam de número. Finalmente o estrogênio promove a deposição, nas mamas de quantidade adicional de gordura, em torno de meio quilo.
Funções da progesterona durante a gravidez
A primeira função da progesterona durante a gravidez é a de tornar disponíveis para o uso fetal as quantidades adicionais de nutrientes que ficam armazenadas no endométrio.
Isso é realizado para fazer com que essas células do endométrio armazenem glicogênio , gorduras e aminoácidos. Além disso, a progesterona exerce potente efeito inibidor sobre a musculatura uterina, fazendo com que permaneça relaxada durante toda a gravidez.
A progesterona complementa os efeitos do estrogênio sobre as mamas. Faz com que os elementos glandulares fiquem ainda maiores e formem um epitélio secretor, e promove a deposição de nutrientes nas células glandulares , de modo que , quando a produção de leite for necessária , todos os elementos que devem participar dessa produção estejam disponíveis.
Alterações fisiológicas
Durante a gravidez várias mudanças ocorrem no corpo da mulher
O primeiro trimestre
Os trimestres são um meio conveniente de medir a gravidez. Entretanto , eles têm durações desiguais, e o terceiro trimestre varia de acordo com o tempo total da gravidez. O corpo da mulher faz um grande esforça durante o primeiro trimestre (1-12 semanas) para se adaptar ao embrião e à placenta em desenvolvimento.
– A taxa metabólica aumenta em 10-25% , de modo que o corpo acelera todas as suas funções.
– O rítmo cardíaco aumenta e o rítmo respiratório também aumenta à medida que mais oxigênio tem que ser levado ao feto e que mais dióxido de carbono é exalado.
– As fibras musculares do útero ficam , rapidamente maiores e mais grossas, e o útero em expansão tende a pressionar a bexiga, aumentando a vontade de urinar.
– O tamanho e peso dos seios aumentam rapidamente.
– Os seios tornam-se mais sensíveis logo nas primeiras semanas de gravidez.
– Surgem novos ductos lactíferos.
– As auréolas dos seios escurecem, e as glândulas nelas situados, chamadas tubérculos de Montgomery , aumentam em número e tornam-se mais salientes.
– Com o aumento do envio de sangue para os seios, as veias se tornam mais visíveis.
O segundo trimestre
Vai da 13ª à 18ª semana. No início desse trimestre, o útero em expansão ultrapassa a borda da pelve , o que resulta na perda gradual de cintura.
– A musculatura do trato intestinal relaxa, provocando diminuição das secreções gástricas; a comida fica mais tempo no estômago.
– Há menos evacuação pois o músculo intestinal está mais relaxado que o habitual.
– Os seios podem formigar e ficar doloridos.
– A pigmentação da pele tende a aumentar principalmente em áreas já pigmentadas como sardas, pintas , mamilos.
– Pode aparecer a linea nigra .
– As gengivas podem se tornar um tanto esponjosas devido à ação aumentada das hormônios da gravidez.
– O refluxo do esôfago pode provocar azia, devido ao relaxamento do esfíncter no alto do estômago.
– O coração trabalha duas vezes mais do que o de uma mulher não grávida, e faz circular 6 litros de sangue por minuto.
– O útero precisa de mais 50% de sangue que habitualmente.
– Os rins precisam de mais 25%de sangue do que habitualmente.
O terceiro trimestre
Durante este trimestre (da 29ª semana em diante) , o feto em crescimento pressiona e restringe o diafragma. Por isso a mulher grávida respira mais rápida e profundamente, aspirando mais ar com cada inalação, o que aumenta o consumo de oxigênio.
– A taxa de ventilação aumenta cerca de 40% , passando dos 7 litros de ar por minuto da mulher não – grávida para 10 litros por minuto , enquanto o consumo de oxigênio aumenta apenas 20%. A maior sensibilidade das vias respiratórias aos elevados níveis de dióxido de carbono no sangue pode resultar em falta de ar.
– À medida que o feto cresce e o abdome aumenta de tamanho, as costelas inferiores da mulher são empurradas para fora.
– Os ligamentos inclusive da pelve e dos quadris , ficam distendidos, o que pode causar desconforto ao caminhar.
– Mãos e pés inchados , além de causarem desconforto, podem ser um sinal de pré-eclâmpsia.
– Podem ocorrer dores nas costas , causadas pela mudança do centro de gravidade do corpo e por um ligeiro relaxamento das articulações pélvicas .
– Os mamilos podem secretar colostro.
– Aumenta a freqüência e a vontade de urinar.
– Aumenta a necessidade de repousar e dormir.
Qual é o peso do útero durante a gravidez?
O peso do útero aumenta cerca de 20 vezes durante a gravidez, de cerca de 60 g , antes da gestação , para cerca de 1000 g, ao termo, e aumenta de tamanho de cinco a seis vezes. Ao fim da gravidez o útero tem de 30 a 35 cm de comprimento , de 20 a 25 cm de largura e cerca de 22 cm de profundidade. Sua capacidade terá aumentado de 700 a 1000 vezes, de aproximadamente 4 ml para de 4000 a 5000 ml.
Durante a gravidez o suprimento sanguíneo uterino aumenta de 20 a 40 vezes. As artérias uterinas, que são a principal fonte do suprimento uterino, são ramos das ilíacas internas; passam para dentro e ao longo dos ligamentos largos e penetram no útero aproximadamente ao nível do orifício interno do colo.
Sobem então por cada lado do útero e formam uma rede de arteríolas espirais que fornecem um amplo suprimento de sangue.
As alterações dos vasos sanguíneos revertem rapidamente após o parto. Uma semana após , os vasos já retornaram ao seu tamanho primitivo.
Modificações acentuadas ocorrem nas mamas durante a gravidez, devido ao desenvolvimento de tecido glandular quiescente. As mamas aumentam de tamanho e firmeza, e ficam nodulares.
Frequentemente aparecem estriações na pele. O aumento é perceptível algumas semanas após a concepção e continua por toda a gestação. Há também um aumento considerável na vascularização das mamas no início da gravidez, e as veias superficiais ficam mais proeminentes.
Essas alterações são frequentemente acompanhadas por uma sensação de dor, formigamento e peso nas mamas, no início da gestação, e são considerados sinais presuntivos de gravidez.
As alterações na mama durante a gravidez
Os mamilos ficam mais móveis , e será mais fácil para o bebê apreende-los para mamar. As glândulas de Montgomery ficam maiores.
Há uma grande variação individual no aumento do tamanho das mamas , mas o aumento médio é de cerca de 700 g para cada mama.
Uma alteração considerável ocorre dentro do próprio tecido mamário: (1) há proliferação do tecido glandular e (2) as células alveolares diferenciam-se ,tornando-se secretoras.
À medida que ocorrem as modificações proliferativas, os ductos intramamários se alongam e ramificam. Alvéolos e lóbulos desenvolvem-se nas pontas de muitos dos ramos, até, finalmente, haver uma grande glândula composta de cada mama, com muitos lóbulos e alvéolos.
Há uma proliferação progressiva do tecido glandular durante a gravidez. Os dutos alongam-se muito e os alvéolos e lóbulos desenvolvem-se nas extremidades de muitos dos ramos. Com o aumento da atividade secretória ao fim da gravidez, os alvéolos e dutos ficam distendidos pelo colostro. Na mama em lactação os alvéolos e dutos ficam distendidos por leite.
Após um certo estágio de proliferação do tecido glandular durante o primeiro trimestre, as células alveolares começam a diferenciar-se no segundo. Muitas dessas células tornar-se-ão secretórias e serão capazes de secretar leite. Pelo fim do segundo trimestre, uma pequena quantidade de líquido fino e amarelado, chamado colostro é secretado para os dutos.
As alterações no Abdome
O abdome modifica de contorno à medida que o Útero em crescimento se estende para dentro da cavidade abdominal, ocupando-a cada vez mais, até que o feto contido pelo útero fica completamente dentro dela. Os músculos abdominais sustentam grande parte do peso do feto.
Durante a última parte da gravidez, estrias ondulares, irregulares e discretamente deprimidas se desenvolvem frequentemente na pele do abdome e, às vezes, também na das mamas, quadris e parte superior das coxas. Essas estrias são chamadas de estrias gravídicas.
As recentes são de coloração rosa pálido ou azuladas. Após o parto adquirem o aspecto prateado brilhante de tecido cicatricial. Em uma mulher que tenha tido filhos poderá haver estrias novas e antigas, sendo as resultantes da primeiras gestações prateadas e brilhantes, e chamadas de estrias albicantes, ao passo que as novas são rosadas ou azuladas.
As estrias surgem nas áreas de distensão máxima: o abdome, as mamas e as coxas. A gordura subcutânea aumenta na gravidez, e distende a pele acima dela. Um considerável aumento de peso na gestação, a obesidade desde o início da gravidez, uma distensão incomum da pele abdominal e a retenção hídrica e o edema generalizado, todos esses fatores têm probabilidade de aumentar a distensão da pele.
Algumas mulheres são muito mais susceptíveis do que outras à separação do tecido conjuntivo da pele; é por isso que têm muitas estrias, ao passo que outras, com distensão igual, têm poucas ou nenhuma.
Estrias abdominais em mulheres não grávidas podem estar ocasionalmente associadas à distensão abdominal, a um acentuado aumento da gordura ou a um tumor abdominal as dos quadris e coxas podem ser devidas às alterações pós-puberais normais.
Cuidados com as mamas e mamilos
A importância de um porta-seios bem ajustado já foi mencionada. Além disso, se a gestante está planejando amamentar, aconselha-se alguma preparação especial dos seios e mamilos.
Tem sido dispensada grande importância ao endurecimento dos mamilos para prepará-los para a ação escoriadora e distensiva da sucção durante a amamentação ao seio. Alguns autores recomendam que se evite o uso de sabão nos mamilos durante a gravidez e a lactação.
Acredita-se que dessa forma se evita o ressecamento e a formação de fissuras, estimulando o mecanismo de proteção natural do organismo. Normalmente as células mortas formam uma cobertura protetora para os mamilos enquanto a secreção abundante proveniente das glândulas sebáceas e sudoríparas mantém a pele flexível e num estado normal de acidez. A lavagem freqüente com o sabão tende a remover todas essas substâncias.
O roçar delicado da vestimenta da gestante é com freqüência um método eficaz para massagear os mamilos. A mulher pode não utilizar porta-seios durante algumas horas do dia , ou, se utiliza um modelo destinado a nutrizes, pode abaixar o protetor do bico, permitindo assim que este entre em contato com o vestuário durante algumas horas. A fricção para secagem com uma toalha grossa constitui ainda outra maneira de gradualmente endurecer os mamilos para a amamentação.
Exercícios físicos durante a gravidez
O exercício é benéfico à saúde na medida em que melhora a circulação, aumenta o apetite e a digestão, incrementa a função intestinal, promove um sono repousante e diverge a atenção das responsabilidades rotineiras.
O caminhar é particularmente recomendado. Muitas mulheres voltadas ao exercício físico continuam a nadar, ou jogar tênis durante a gestação.
Para aquelas mais sedentárias, entretanto, a gravidez não representa uma época muito adequada para iniciar programas de exercícios físicos extenuantes.
Tanto a mulher ativa quanto a sedentária devem evitar a fadiga, sendo aconselhável que parem o exercício quando começarem a se sentir cansadas. A moderação é o melhor lema.
Quer saber mais sobre o assunto? Confira os cursos de Fisiologia Geral e Atividade Física para Gestantes. Conheça nosso portfólio de cursos na área da Saúde.