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Minivoleibol: como funciona?

No ano de 1975, a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) realizou um congresso na Suécia, com a participação de experts em voleibol de vários países e resolveu criar um método para a iniciação da modalidade denominado minivoleibol.

A ideia era criar um método que pudesse utilizar os pequenos jogos como fator de motivação e que trouxesse uma transferência positiva, onde as crianças aproveitassem experiências anteriores como base para a aquisição de novas habilidades.

O que é o minivoleibol?

O minivoleibol é uma metodologia de aprendizagem do voleibol simples e adaptada às necessidades e ao estágio de maturação das crianças. Como o praticante, no período de iniciação, se encontra em fase de construção das suas capacidades motoras, se entendeu que reduzindo as ações complexas para situações simplificadas de jogo a assimilação do conteúdo do jogo aconteceria de uma forma mais natural.

Os especialistas no aprendizado do voleibol apontam como uma das principais dificuldades para o aprendizado do iniciante a pequena quantidade de vezes que o aluno toca na bola em situações reais de jogo. Quando durante o treinamento se propõem atividades em conjunto, jogos simulados ou com regras, o aluno iniciante pouco contato tem com a bola, devido à complexidade das ações.

Na visão de Machado (2006), o nível de habilidades técnicas e físicas nos primeiros estágios de aprendizado do voleibol não é suficiente para que o jogo tenha uma sequência, com a bola caindo constantemente no chão. Tal fato causa um desestímulo, uma sensação de frustração na criança, levando-a, muitas vezes, a desistir da modalidade.

Como uma criança aprende?

Na visão de Neto (2002), a criança aprende fazendo e brincando. Quanto mais fizer, mais aprende. O minivoleibol estimula o domínio de bola, tornando mais flexíveis as situações de jogo, com regras menos rígidas e adaptadas às capacidades momentâneas das crianças, trazendo uma pequena sobrecarga física e mental.

Como a quadra é menor, a criança tem uma menor área de responsabilidade e a tendência é que toque mais vezes na bola, aumentando o seu estímulo e proporcionando um maior desenvolvimento técnico.

Outra vantagem considerável proporcionada pela metodologia é a facilidade de material necessário para a sua realização. De um modo geral, o minivoleibol pode ser adaptado a diversas condições de local e até mesmo a bola pode ser diferente de uma de voleibol. Existe atualmente material específico para a sua prática, que, obviamente, é mais indicado, mas nada impede que um material alternativo seja utilizado. Esta característica confere ao minivoleibol um aspecto de democratização do esporte, já que permite o acesso de praticantes de todas as classes sociais.

Objetivos da prática do esporte: 

Os principais objetivos do minivoleibol são:

  • Promover melhorias nos aspectos físicos e motores.
  • Atrair o aluno o mais cedo possível para a prática do voleibol.
  • Estimular a socialização.
  • Desenvolver o domínio das ações técnicas do voleibol.
  • Chegar, naturalmente, ao voleibol convencional.

De acordo com Machado (2006), a exploração do caráter lúdico do minivoleibol desenvolve o aluno de forma natural e progressiva, promovendo uma preparação suficiente para a aprendizagem sem que o aluno perceba, evitando uma ansiedade que prejudicaria o seu desenvolvimento e mantendo seu estímulo e interesse pelo esporte. Tal procedimento combate o chamado “fenômeno da ansiedade”, que é apontado como um dos grandes problemas do iniciante (BOJIKIAN, 2003).

No processo de ensino através do minivoleibol, devemos procurar oferecer a oportunidade de a criança vivenciar todas as possibilidades de desenvolvimento da sua técnica básica de jogo. Agindo desta forma, aumentamos a chance da formação de jogadores mais completos tecnicamente. Neste contexto, é fundamental evitarmos a especialização precoce dos praticantes.

Quando o iniciante é precocemente especializado, há grande possibilidade de este desenvolver poucos caminhos funcionais em nível cortical. Dessa forma, dificilmente serão aperfeiçoados gestos esportivos, o que pode inibir o aparecimento de jogadores de qualidade (MACHADO, 2006; BOJIKIAN, 2002). Ainda mais, esta especialização promove um desgaste do aluno em relação ao cotidiano de treinamento, trazendo a possibilidade do abandono da prática.

Quais são as principais características do minivoleibol?

O minivoleibol preconiza que o aprendizado deve acontecer através das diversas manifestações do jogo. A partir deste, o professor deverá ir corrigindo a execução dos fundamentos. Além desta, as principais características do minivoleibol são:

  • Caráter lúdico/recreativo das aulas.
  • Possibilidade do envolvimento de um grande número de alunos na aula.
  • Turmas mistas.
  • Altura da rede adaptável ao desenvolvimento das crianças.
  • Tamanho da quadra ajustada ao espaço disponível.
  • Bolas menores e mais leves.
  • Número de jogadores variado.
  • Regras elementares e flexíveis.
  • Bola em jogo por um maior tempo.

A proposta de ensino do minivoleibol

Mas para que resultados positivos sejam alcançados é necessário que haja todo um critério e planejamento para o desenvolvimento das atividades. Diversas propostas de divisão em etapas de ensino existem na literatura (QUADROS JR., QUADROS e GORDIA).

Fazendo uma revisão destas, aliada a experiência prática, sugerimos a seguinte divisão:

Nesta fase deve ser enfatizado o desenvolvimento das destrezas motoras do aluno. Conforme visto anteriormente, este período é favorável para que a criança adquira capacidades motoras variadas. Concomitantemente, serão inseridos movimentos e recursos básicos necessários à prática da modalidade, mas não obrigatoriamente de forma idêntica as que ocorrem no jogo. As atividades devem ser conduzidas através de um caráter eminentemente lúdico.

Neste período, a variabilidade de atividades é fundamental, pois tanto propicia um repertório motor mais amplo, quanto não permite que a criança enjoe do treinamento, mantendo a aderência ao mesmo.

A forma recreativa das atividades deve ser aliada a informações que ajudem à execução dos exercícios propostos. Essas informações devem ser simples, de forma que não confundam nem inibam a atuação do aluno (MACHADO, 2006). O conhecimento de resultados é um importante aliado para o aprendizado do aluno.

Como sugestão, devemos fazer com que a criança se familiarize com a bola, a quadra e a rede. As posturas básicas e os deslocamentos também devem ser explorados. Pequenos jogos de segurar, arremessar e rolar bolas diferentes (plástico, voleibol, basquete, borracha, etc.) ajudam no desenvolvimento das capacidades motoras visadas. Todas essas atividades podem ser realizadas sem que o aluno tenha que, necessariamente, jogar voleibol.

Jogos de voleibol adaptados de 1 x 1 ou 2 x 2 também são produtivos. A criança já pode ser estimulada para ter noções elementares de domínio de bola. A partir deste, são introduzidos de forma simples e gradativa o toque, a manchete e o saque por baixo. São passadas movimentações decorrentes das situações apresentadas no jogo, posicionamento na quadra, observação do adversário e cooperação com o colega
Não devem existir regras rígidas, mas sugere-se que a quadra seja de um tamanho bem reduzido, que a rede fique a uma altura compatível com o desenvolvimento da turma, além de evitar ou até mesmo não permitir a execução do ataque. O objetivo é que a bola permaneça em jogo o maior tempo possível.

2ª. Fase: Fase básica (idade entre 10 e 12 anos)

Período de fundamental importância para que a criança adquira a técnica fundamental de jogo. Deve ser enfatizado o aprendizado e o aprimoramento dos fundamentos e dos recursos utilizados para a execução destes. A consolidação e a automatização dos gestos técnicos normalmente acontecem nesta fase. Ressalta-se, então, a necessidade do profissional estar com a atenção focada nos mínimos detalhes que possam contribuir para o refinamento técnico do jogador.

Um cuidado especial deve ser tomado com a possibilidade dos alunos adquirirem vícios. Por ser um período de consolidação da aprendizagem, gestos posturais inadequados que porventura apareçam dificilmente serão corrigidos depois de automatizados.

Consequentemente, o aluno o carregará para o restante de sua vida esportiva, o que trará prejuízos para o seu desempenho (SCHMIDT e WRISBERG, 2001).

Todas as ações de jogo que não foram trabalhadas na fase anterior devem ser inseridas nesta fase. A inserção do ataque permite a presença do bloqueio, que deve ser realizado por apenas um jogador (bloqueio simples). Jogos de 3 x 3 e de 4 x 4. O tamanho da quadra e a altura da rede devem ser ajustados ao nível dos alunos. Deve-se dar uma maior atenção à divisão de responsabilidades e aos procedimentos táticos de jogo.

Como os alunos tendem a estar mais altos, fortes e com maior domínio técnico, há possibilidade de ocorrer um maior número de erros, principalmente decorrentes das tentativas de saque por cima, ataque e bloqueio. Apesar de ser natural, o professor deve combater tal situação, procurando criar situações que valorizem a continuidade do jogo, lembrando sempre que um dos princípios básicos que sustentam o minivoleibol é a possibilidade de a bola permanecer em jogo o maior tempo possível.

Deve ser inserida, gradativamente, nesta fase a preparação física. Respeitando-se o estágio de desenvolvimento maturacional da criança, atividades que contribuam para a formação geral do aluno devem ser propostas. Deve ser dada uma atenção rigorosa a sobrecarga e aos períodos de recuperação, de forma que nenhum prejuízo ao desenvolvimento motor possa acontecer.

3ª. Fase: Fase do treinamento (idade entre 12 e 14 anos)

Período de lapidação do aluno. As atividades propostas devem ser as mais semelhantes possíveis com as situações de jogo. O aluno deve vivenciar um repertório de ações que favoreçam seu discernimento do esporte.

Os fundamentos devem ser trabalhados em um nível de exigência superior ao que foi feito até então. Atividades mais sofisticadas para o seu desenvolvimento e a execução técnica com uma maior velocidade são aspectos interessantes, que devem ser trabalhados.

O entendimento tático e estratégico do jogo passa a ter grande importância. A divisão das responsabilidades dentro da quadra e a percepção das principais virtudes e dificuldades próprias e dos companheiros são fatores que ajudam na formação do aluno.

A preparação física ganha mais espaço. Os movimentos devem começar a apresentar características mais específicas da modalidade. Porém, as atividades que privilegiam a preparação geral ainda devem ser as mais requisitadas.

As regras devem se aproximar do voleibol convencional. Assim, de uma forma gradativa, deve haver uma transição natural do minivoleibol para o voleibol. Os jogos de 4 x 4 devem ganhar uma característica semelhante a um jogo normal, servindo como uma preparação para que o aluno jogue o voleibol 6 x 6.

Concluindo, podemos dizer que o minivoleibol pode ser uma ponte de ligação ao voleibol convencional, por apresentar todos os requisitos necessários para a formação de um futuro jogador de voleibol.

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