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Relação do Homem X Natureza

O homem e o meio ambiente são duas palavras que vêm sendo utilizadas de forma separadas e até mesmo em alguns casos, opostas.

Muitos autores relatam a utilização dos recursos naturais pelo homem como meio para o crescimento econômico. No entanto, atualmente, sabemos que crescimento econômico não é sinônimo de desenvolvimento.

O início da Humanidade

Nos primórdios da humanidade, o ser humano, ainda nômade, utilizava os recursos naturais de um determinado local conforme suas necessidades diárias. Quando os alimentos se esgotavam naquele lugar, ele se mudava. Não possuía território fixo, mudava diversas vezes de lugar, utilizando os recursos disponíveis em um local e quando estes acabavam, ele escolhia um novo local para permanecer por mais um período de tempo.

Aquele espaço, para o ser humano, era apenas um local no qual se consumiam os recursos naturais existentes até que os mesmo se esgotassem. Este local não era ainda considerado como um “lugar” vivido e sentido, não havia, portanto, ainda, uma relação e sentimento com o local onde o ser humano habitava. Conforme disposto por ALBAGLI (1998, p.3), lugar “não pode ser apenas um espaço onde se realizam as práticas diárias, mas também aquele no qual se situam as transformações, a reprodução das relações sociais de longo prazo”.

A construção de um lugar ideal

Autores como AGNEW E DUCAN (1989) definem lugar em três dimensões: ótica econômica; perspectiva micro sociológica e ponto de vista antropológico e cultural. A ótica econômica seria a localização onde ocorrem as práticas econômicas e sociais. A perspectiva micro sociológica define o lugar como sendo o espaço das interações cotidianas; por último, o ponto de vista antropológico cultural que define o lugar através da identificação do sujeito com o espaço habitado seria o “sentido do lugar”.

Ao se analisar mais profundamente o sentido da palavra “lugar”, pode-se classificá-la como sendo “o produto das relações humanas, entre homem e natureza, tecido por relações sociais produzindo a identidade, é o mundo do vivido, onde se formulam os problemas”. (CARLOS, 1996, p.26).

Neste aspecto, observamos que no começo da história humana o “lugar” ainda não havia sido construído, as relações sociais eram as mais básicas e primitivas possíveis. Portanto, o homem não possuía sentimento pelo lugar, não havia construído o seu espaço, não tinha um lugar próprio.

Com o surgimento da agricultura a mais de 10.000 anos atrás, o ser humano foi aprendendo a entender os ciclos da natureza e a conviver em comunidade, começando a se prevenir dos períodos de frio, de seca e de escassez de alimentos. Não se extraía apenas o que seria utilizado imediatamente, aprendia-se a estocar e armazenar, de planejando e prevenindo para o futuro.

A evolução do ser humano

O ser humano, no decorrer da sua evolução, adquiriu a capacidade de analisar situações atuais, imaginar aquilo que ainda não foi vivido para manipular a realidade e, até mesmo, em alguns casos, simular o futuro.

As pessoas e famílias começaram a se organizar em grupos tornando-se comunidades, civilizações, povos e nações, formaram-se redes de relações humanas, construindo aos poucos sua própria identidade. Finalmente, adquirindo o seu próprio lugar e permanecendo nele. Este lugar tornou-se algo repleto de sentimento e emoção.

No decorrer da evolução humana, quando o homem diz ter se tornado civilizado, ocorreu o seu desprendimento com o lugar e formularam-se ideias das quais os recursos naturais eram bens infinitos. A utilização indiscriminada dos recursos naturais tornou o ser humano causador de grandes impactos ambientais, gerando o desequilíbrio na cadeia da vida, consequentemente, causando o colapso e a quebra do sistema.

O Homem e o meio ambiente

O desequilíbrio ambiental causado pelo homem ocasionou a eliminação de espécies e até mesmo a dizimação de populações. Segundo CÂMARA (2000 p.178), este desequilíbrio ambiental pode ser classificado através de seis modalidades:

  • destruição de habitat;
  • caça, pesca ou matança deliberada em larga escala;
  • introdução de predadores ou competidores;
  • introdução de elementos patogênicos;
  • poluição;
  • extermínio decorrente de extinções anteriores ou extinção em cascata.

4 macro ameaças

Devido a estas degradações ambientais a biodiversidade planetária vem sendo colocada em risco. Quatro macro ameaças à sobrevivência de várias espécies podem ser destacadas:

  • destruição, fragmentação, e degradação de habitat;
  • exploração predatória;
  • introdução de espécies exóticas e
  • aumento de pragas e doenças (PRIMACK, 1995, p.66).

Dentre estas ameaças, destaca-se a fragmentação, que para DOBSON (1995) não é um processo único, consiste em um número de diferentes mecanismos no qual o mais importante é a perda de área total do habitat e sua fragmentação dentro de ecossistemas menores. As consequências da fragmentação são um grande problema, pois não se sabe até que ponto isto pode alterar o funcionamento dos ecossistemas (já que os efeitos só podem ser observados depois de décadas).

A implantação de unidade de conservação surge na tentativa de preservar diversos tipos de fragmentos ambientais que ainda restavam, aumentando a conectividade entre as espécies, possibilitando o aumento no fluxo genético e manutenção das espécies.

Embora as unidades de conservação, em sua maioria, fossem de pequeno porte, mostrando-se insuficientes para abrigar algumas espécies e existissem problemas na fiscalização, estas áreas protegidas constituíam a última trincheira para a manutenção de um grande número de espécies.

Os valores da natureza

Junto a esta concepção da proteção de fragmentos ambientais, observa-se a valorização da natureza através de uma visão socioambiental. A valorização da natureza pode ser classificada em vários tipos de valores, como o valor existencial, que abrange os valores intangíveis e intrínsecos da natureza, onde a sua existência é a razão do seu valor e sua importância, devendo ser protegido para estas e gerações futuras e o valor de opção, que seria aquele que visa à conservação da biodiversidade e sua importância para o futuro, onde o homem é aquele que define o seu valor para o amanhã.

Estes dois valores expressam os objetivos principais da importância das unidades de conservação, ou seja, a UC valorizada pela sua própria existência e sua importância para a conservação da biodiversidade.

PUTNEY (2000:141) afirma estar na hora de se adotar uma visão holística das unidades de conservação, que vá além do enfoque exclusivo da biodiversidade. É necessário prestar atenção nos objetivos materiais e não materiais que são importantes para vários setores da sociedade, pois, somente assim, as UC’s irão sobreviver neste mundo de competitividade, onde o uso dos recursos naturais está cada vez mais disputado.

Outros autores analisam a questão ambiental e humana, através do comportamento do homem rural e suas atitudes para com a natureza. MCDOWELL e SPARKS (1989) definem a variável “comportamento de conservação” como ação positiva tomada em relação a ecossistemas naturais.

Para atribuir valores numéricos a essa variável, eles consideram a extensão de habitat natural mantido com o intuito de conservação do ecossistema, o sacrifício de negócios alternativos rentáveis em função da conservação dos recursos naturais e o grau de manejo científico dos ecossistemas, para assegurar a perpetuação dos elementos naturais.

Atualmente, o ser humano, segundo MARTIN (2002, p.177), “está vivenciando a “redescoberta do lugar”, que revela a totalidade sistêmica entre a sociedade humana e a natureza, estando associado à busca de estratégias e meios sustentáveis de atender às necessidades das pessoas ou do próprio capital”. Esta redescoberta se deu em grande parte pela perda dos sentimentos com o lugar e sua relação entre homem e natureza.

A exploração dos recursos de forma acelerada causa a perda da biodiversidade e, consequentemente, em longo prazo, perda na qualidade de vida. Através de uma perspectiva humanística de valorização da pessoa humana, onde o sujeito é responsável pelo seu próprio destino, surge o conceito de Desenvolvimento Local.

MARTINS (2002, p.4) afirma que o desenvolvimento local visa à promoção da vida e satisfação plena das necessidades fundamentais da comunidade. Para que haja efetiva qualidade de vida e manutenção da mesma, deve haver equilíbrio na utilização dos recursos, principalmente os naturais, para que a cadeia não se rompa e seja mantido o seu fluxo contínuo e sustentável.

A contínua e crescente pressão exercida pelo homem sobre os recursos naturais, segundo GODOI (1992), “visa apenas os benefícios imediatos de suas ações, privilegiando o crescimento econômico a qualquer custo e relegando, a um segundo plano, a capacidade de recuperação dos ecossistemas”. Com isto, observa-se que o crescimento econômico desacertado, além de causar danos ao meio ambiente, não promoverá o desenvolvimento, pois ao se analisar o aspecto global, conclui-se que os recursos necessários para a recuperação do ecossistema tornarão este crescimento econômico inviável.

Na tentativa de aliar crescimento econômico e a proteção ambiental, surge na década de 1950/1960 a economia ambiental, que estabeleceu uma ponte entre a economia e a ecologia. Mais tarde surgiu a teoria econômica do desenvolvimento e o meio ambiente, que receberia o nome de Desenvolvimento Sustentável.

Em 1987, as Nações Unidas definiram o conceito de desenvolvimento sustentável, no documento “Nosso Futuro Comum”, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Segundo este documento, o desenvolvimento deve ser suportável, viável e durável, portanto, um desenvolvimento que atenda às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras.

Sustentabilidade e Desenvolvimento são dois conceitos atualmente considerados característicos da problemática contemporânea, sendo que não há como considerá-los separadamente, pois não existe desenvolvimento sem que haja sustentabilidade.

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