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Freud e a Psicanálise: psicologia da educação

Sigmund Freud como a maioria das pessoas conhecem, foi um grande teórico do desenvolvimento humano ao qual instituiu uma das principais teorias do psiquismo , a Psicanálise.

Fazendo um panorama geral da vida deste teórico vemos em sua história de vida um grande caminho percorrido para perpetuar a psicanálise. Formado em Medicina pela Universidade de Viena, desde os tempos da faculdade já era um grande pesquisador no laboratório de neurofisiologia. Ao se formar na universidade passou a trabalhar no Hospital Geral de Viena, e foi a partir do trabalho com Jean Martin Charcot que ele passou a conhecer a hipnose, a partir daí desenvolveu as mais variadas experiências que se concluiu com a criação da psicanálise.

Segundo Bacha (2003), desde os primórdios de Freud várias tentativas foram feitas no sentido de explorar o que a psicanálise tem a oferecer à educação. O interesse dos psicanalistas por esta prática humana, perpetuado nas tentativas de construir uma educação psicanalítica, foi atribuída por Freud no Prefácio à Juventude Desorientada, de Aichhorn (1925), à importância que a criança passou a ter para a investigação psicanalítica desde que esta descobriu que aquela continua a viver depois que cresce, no adulto. Isto teria tornado a criança mais importante do que os neuróticos para a pesquisa psicanalítica.

Para que possamos entender melhor esta vertente bastante polêmica entre psicanálise e educação, vamos conhecer a teoria do desenvolvimento psicossexual proposta por Sigmund Freud, além dos estudos sobre a estrutura da personalidade.

Freud, no que diz respeito à estrutura de personalidade, afirma que esta é composta por três grandes sistemas: Id, Ego e Superego. Embora cada uma destas partes da personalidade tenha suas próprias funções, propriedades componentes, dinamismos e princípios de ação, elas agem em estreita relação e trazem muitas contribuições para compreender o comportamento humano (HALL 2000).

O Id

De acordo com Hall (2000), o Id é um sistema original de nossa personalidade, é a matriz de onde se origina o ego e o superego. O Id é constituído por tudo aquilo que é psicológico que é herdado que se faz presente em nós desde o nascimento, incluindo nossos instintos. Podemos dizer que ele é o reservatório de toda nossa energia psíquica e distribui energia para os outros dois sistemas. Está em constate contato com os processos corporais, dos quais deriva a energia, o Id é nossa “verdadeira realidade psíquica, pois representa nosso mundo interno, nossa realidade subjetiva e não tem nenhum contato com nossa realidade objetiva.

Diante da explicação do autor, podemos dizer que o Id é composto basicamente por nossos impulsos. É o que nos leva a agir. Neste contexto da compreensão psíquica, o ego passa a existir porque nosso organismos tem necessidades que requerem transações apropriadas com a nossa realidade objetiva, com aquilo que é consciente.

O Ego

O Ego, segunda instância psíquica descrita por Freud, seria nossa noção da realidade, o mecanismo que nos mantem conscientes e em contato com a realidade que nos cerca. Hall (2000) por sua vez afirma que o ego é o executivo da personalidade, pois tem a função de controlar o acesso à ação, selecionando características do ambiente às quais irá responder, e resolve então que instintos serão satisfeitos e de que maneira. Ao realizar estas funções executivas muito importantes, o ego precisa ainda tentar integrar as demandas conflitantes advindas do id, do superego e do mundo externo. O ego não existe separadamente do id. Seu papel principal é de mediar as exigências instintuais do organismo e as condições do ambiente que o cerca, seus objetivos são manter a vida do indivíduo e assegurar que a espécie se reproduza.

O Superego

O terceiro e último sistema da personalidade humana é o superego. Ele é o representante interno dos valores tradicionais impostos pela sociedade conforme interpretado pelos pais para a criança, e impostos por um sistema de recompensas e punições. Podemos dizer que o superego é a força moral de nossa personalidade, ele representa o ideal do que o real e busca a perfeição mais do que o prazer. Seu principal papel é decidir se uma atitude, comportamento ou decisão é certa ou errada e se está de acordo com o que é prezado pela sociedade (HALL 2000).

Esta instância psíquica se desenvolve como árbitro da nossa moral e pelas condutas internalizadas, e desenvolve-se de acordo com as regras, limites e recompensas impostas por nossos pais. Ou seja, para evitar castigos e receber recompensas, a criança aprende a se comportar de acordo com o que é estabelecido por seus pais. Para entendermos melhor, diríamos que tudo aquilo que os pais dizem ser impróprio e por isso castigam a criança, é incorporado por ela e trazido à sua consciência. A criança absorve e introjeta os valores morais dos pais, com a formação do superego o autocontrole passa a agir substituindo o controle dos pais (HALL 2000).

Analisando as questões que envolvem o superego, podemos dizer o quanto ele é importante para a formação de nossa personalidade, e o quanto a família contribui de forma positiva ou negativa nesta formação. Muitas das questões que envolvem as condutas, os comportamentos, as regras e limites tem sua origem na formação do superego, ou seja, se a família não consegue passar estes valores às crianças, isso irá se refletir no momento em que a criança passa a atuar em outro meio social que no caso é a escola. O superego nos ajuda a controlar os impulsos.

Seguindo com os estudos da Psicanálise, veremos agora como o pai desta teoria dividiu as fases do desenvolvimento humano. Hall (2000) enfatiza que segundo a teoria de Freud, a criança passa por vários estágios dinamicamente diferenciados durante seus primeiros cinco anos de vida, após este período a dinâmica do desenvolvimento fica mais estabilizada no chamado período de latência. Com a entrada na adolescência a dinâmica inicia outra vez à medida que o adolescente entra na vida adulta. Cada estágio de desenvolvimento nestes primeiros cinco anos de idade é definida a partir dos modos de reações de uma zona específica do corpo.

O modelo de desenvolvimento descrito na psicanálise baseia-se na suposição da sexualidade infantil, chamados de estágios de desenvolvimento psicossexual. Agora veremos brevemente cada um destes estágios conforme descrito por Hall (2000):

Estágio Oral

A principal fonte de prazer deste estágio vem da boca, e resulta no ato de comer que envolve a tátil dos lábios e da cavidade oral, além do ato de engolir, ou no caso de um alimento que não agrade, o ato de cuspir. Com o nascimento dos dentes, passa-se então a ter prazer na mastigação e no morder. É importante destacar que esta fase ocorre quando bebê, uma fase em que a criança é totalmente dependente da mãe para sobreviver, nasce ai um sentimento de dependência. Estes sentimentos de dependência podem permanecer pela vida toda, mesmo com formação do ego, visto que este sentimento pode aflorar quando nos sentimos ansiosos ou inseguros.

Estágio Anal

Depois que o alimento é ingerido, os resíduos se acumulam no trato intestinal e são eliminados quando sofremos a pressão insfincteriana. A expulsão das fezes produz um sentimento de conforto e alívio. Quando a criança está sendo treinada para deixar as fraldas ela tem sua primeira experiência de gratificação na fase anal através da regulação dos impulsos instestinais. A maneira como a mãe irá conduzir este treinamento será decisivo na formação da personalidade e inúmeros traços de caráter são formados na fase anal.

Estágio Fálico

Durante o desenvolvimento da personalidade, os sentimentos sexuais e agressivos ligados ao funcionamento dos órgãos genitais ficam evidentes. Surgem a partir daí o prazer da masturbação e o autoerotismo apontando para o aparecimento do Complexo de Édipo. É nesta fase que a criança passa a desejar o genitor do sexo oposto nutri um sentimento de rivalidade para com o genitor do mesmo sexo. O medo da castração e o impedimento do incesto por parte do genitor do sexo oposto são fundamentais para a formação dos valores morais da criança no que compreende seu superego.

Período de Latência

Após o Complexo de Édipo em que a criança sofre a interdição do incesto, ela entre no período que não configura uma fase em si, o chamado período de latência, que compreende um intervalo no desenvolvimento psicossexual, onde iniciam-se as atividades escolares por volta dos seis anos de idade até o início da adolescência. A criança passa a canalizar todas as suas energias para as atividades acadêmicas, e a sexualidade fica latente, esta fase é de extrema importância para sua socialização e para a formação e estruturação do ego.

Estágio Genital

Este estágio compreende mais precisamente à adolescência, onde ocorrem as descobertas corporais através da masturbação e o auto amor narcisista, que possibilita ao adolescente a procura relações genuinamente permitidas, ou seja, fase onde ocorrem as descobertas amorosas, a formação dos grupos, planejamento do futuro como construir uma carreira e até mesmo uma família.

O desenvolvimento psicossexual é bastante complexo, porém compreender os aspectos subjetivos do desenvolvimento e do psiquismo humano é um direcionador para os educadores, que com certeza será capaz de identificar conflitos que podem estar influenciando no processo de ensino e aprendizagem da criança. Entender a mente humana, possibilita entender a natureza do ser humano e sua essência.

De acordo com Kupfer (1989) Freud acreditava que a educação era uma missão quase que impossível de se realizar, pois para ele para bem educar é imprescindível que o educador entre em contato com a própria infância, porém aos olhos dos psicanalistas, esta infância não está mais acessível, pois seus conteúdos foram todos recalcados e sublimados. Estes dois mecanismos de defesa por sua vez têm a função de proteger o ego de possíveis ameaças e angústias advindas destas lembranças.

Deste modo Freud nos chama atenção para a necessidade de que os educadores sejam psicanaliticamente orientados, de modo que busque em seu educando, o ideal equilíbrio entre o prazer individual – o prazer inerente à ação das pulsões sexuais – e as necessidades sociais, a repressão e a sublimação destas pulsões.

A educação precisa de educadores com este perfil, que não usassem e não abusassem do seu poder na sala de aula para, de forma inconsciente, punir ou negar toda a carga emocional que o próprio processo de desenvolvimento traz consigo.

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