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Inclusão e Integração: Porque são importantes?

O termo inclusão tem sido usado com múltiplos significados. Em um dos extremos, encontra-se os que advogam a inclusão como colocação de todos os alunos, independente do grau e tipo de incapacidade, na classe regular, com a eliminação dos serviços de apoio de ensino especial.

Em outro extremo, o conceito de inclusão parece ser utilizado apenas para renomear integração, considerando que o melhor é a colocação do aluno com deficiência na classe regular, desde que se enquadre aos pré-requisitos da classe.

Torna-se então necessário diferenciar os termos integração e inclusão. Em que sentido eles são diferentes? Seria a inclusão apenas uma integração com ares de modernidade?

Qual a origem dos termos?


No seu sentido etimológico, integração vem do verbo integrar, que significa formar, coordenar ou combinar num todo unificado. Inclusão, de o verbo incluir, significa compreender, fazer parte de ou participar de.

Nota-se no significado de inclusão aparece à palavra participar, fazer parte, o que pressupõe outra visão. Participação é uma necessidade fundamental do ser humano, e o homem só terá possibilidade de total desenvolvimento numa sociedade que permita e facilite a sua participação.

Do ponto de vista educacional, embora tanto a integração como a inclusão tratam da incorporação da criança com deficiência pelo ensino regular, existe uma diferença básica. Alguns autores, tais como Dens (1998), Mantoan (1997), Bueno (2001), Mrech (1999), assinalam tal diferença e enfatizam que os dois termos referem-se a situações de inserção diferentes.

Características que diferenciam os termos


Dens (apud Masini, 2000), coordenador do movimento integracionista da Europa, em 1998, assinala as seguintes características que diferenciam os termos integração e inclusão: integração refere-se a intervenções necessárias para que a criança com necessidades especiais possam acompanhar a escola, sendo o trabalho feito individualmente com a criança e não com a escola; inclusão é o oposto, é um movimento voltado para o atendimento das necessidades da criança, buscando um currículo correto para incluí-la.

Segundo Denis, inclusão não é, pois, uma invenção da escola, mas uma ideologia da sociedade, onde o princípio fundamental é a valorização da diversidade. Afirma o autor que essa transformação é lenta, e ainda não ocorreu nem mesmo na Bélgica, país pioneiro nesse movimento, pois requer mudança de ideologia.

Mantoan (1997) reitera a posição de Dens, pois acredita que, para a inclusão seja efetivada, sejam necessárias mudanças de paradigmas sociais de forma a propiciar um ensino de qualidade para todos. Essa autora é bastante enfática ao afirmar que a inclusão é impossível de se efetivar por meio de modelos tradicionais de organização do sistema escolar.

Para ela a integração é uma forma condicional de inserção que vai depender do nível de capacidade do aluno de adaptação ao sistema escolar, porém o esquema se mantém o mesmo.

O que é a inclusão?


A inclusão, ao contrário, tem como meta não deixar ninguém fora do sistema escolar. E o próprio sistema terá que sofrer transformações para se adaptar às particularidades de todos os alunos. A autora acredita que a inclusão se concilia com uma educação para todos e com um ensino especializado no aluno.

Bueno (2001) também diferencia integração e inclusão dependendo de como a escola lida com a deficiência. Para esse autor, a integração tem como pressuposto que o problema reside nas características das crianças com necessidades educativas especiais, sendo que a inserção em escolas comuns só ocorre “sempre que suas condições pessoais permitem”.


Já a inclusão coloca a questão da incorporação dessas crianças pelo ensino regular sob outra ótica, reconhecendo a existência das mais variadas diferenças. Essa visão considera as diferenças humanas normais, sendo que a escola deve adaptar-se às necessidades das crianças.

Mrech (1999) afirma que a integração é uma prática seletiva, pois é o aluno deficiente que deve se adaptar aos parâmetros de normalidade e, quando isso não ocorre, esse aluno é colocado nas classes especiais.

A educação inclusiva

Privilegia-se, dessa forma, o conceito médico de deficiência. Para a autora, na educação inclusiva, não são os alunos deficientes que têm que se adaptar aos padrões normais, mas sim os alunos sem deficiência que devem aprender a conviver com os deficientes.

O objetivo é que o aluno com deficiência alcance o máximo de sua potencialidade em um ambiente menos restritivo, com ajuda e suportes necessários. Na inclusão, privilegia-se o conceito de deficiência baseado no modelo social.

Outros autores, como Masini (1997) e Mazzotta (1998), também diferenciam os dois termos, mas veem a integração e a inclusão de uma forma mais abrangente e filosófica. Para Masini (1997), quando se fala em integração da pessoa portadora de deficiência, não se pode deixar de lado a constituição psíquica do sujeito, salientando que quaisquer projetos que sejam realizados nesse sentido precisam levar em consideração as condições de formação da personalidade.

Segundo a autora, integração e inclusão não são sinônimas e devem ser posteriores à integração psíquica do indivíduo. A autora pergunta como concretizar a proposta de inclusão em nossa realidade, se não chegamos a propiciar a integração psíquica.

Mazzotta (1998) entende inclusão e integração como processos essenciais à vida humana ou a vida em sociedade. Para o autor, a inclusão escolar tem sido concebida como um processo peculiar, configurando-se como uma novidade. Adverte que a luta pela educação de qualidade para todos tem sido diluída na discussão de inclusão, como algo inusitado.

Acredita que uma educação para todos se baseia no princípio da não segregação ou, em outros termos, na inclusão de todos. São suas palavras: “O ponto fundamental é a compreensão de que o sentido de integração pressupõe a ampliação da participação nas situações comuns para indivíduos e grupos que se encontravam segregados. Portanto, é para os alunos que estão em serviços de educação especial ou outras situações segregadas que prioritariamente se justifica a busca da integração. Para os demais portadores de deficiência, deve-se pleitear a educação baseada no princípio da não segregação ou da inclusão”.

A visão sobre os termos sem distinção


Alguns autores falam dos dois termos sem fazer uma distinção.
Carvalho (1997), ao abordar o tema, usa indiferentemente os dois termos. São palavras da autora: “Assim como a integração, a inclusão é um processo que não vai ocorrer por decreto dos legisladores! E mais, essa inclusão, cujo corolário é a integração, só terá os efeitos desejados se, e apenas se, for aceita por toda a comunidade escolar”.

A autora acredita que, assim como a integração, a inclusão é um processo gradual e que, para que o ideal de integração de todos ou da não exclusão de alguns se torne realidade em nossas escolas, deve-se trabalhar todo o contexto onde o processo deve ocorrer. Outros autores, como Glat (1997) e Schwartzman (1997), utilizam apenas o termo integração e veem esse processo ainda de forma utópica, apontando dificuldades para sua real efetivação em nosso atual sistema de ensino.

Analisando as opiniões dos diferentes autores, percebemos que as questões relativas à diferença entre inclusão e integração e as possibilidades de inserção em classes normais, dependendo do tipo de necessidade educacional da criança, permeiam as principais polêmicas.


Considerando que a pluralidade, e não a igualdade é a principal característica do ser humano, e que a educação deve contemplar essa diversidade da condição humana, propiciando oportunidades iguais para seu desenvolvimento, fica evidente que não é apenas o educando, com deficiência ou não, que deve adaptar-se ao sistema de ensino e sim a escola é que tem o dever de atender as necessidades da criança para sua rela participação, ou seja, para a sua inclusão.

Acreditamos, porém, que, muitas vezes, para que a inclusão ocorra, torna-se necessário que o sistema de ensino propicie recursos educacionais especiais para atender às necessidades educacionais especiais. Tal crença encontra fundamentos em autores como Mazzotta (1998), Santos (2002) e Carvalho (1998), assinalam ser importante algumas vezes, para a inclusão de alunos com diferentes tipos de deficiência e necessidades educacionais especiais, a utilização de recursos educacionais adequados para atendê-los.

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