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TENS: Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea

Agne (2005) define a eletroterapia como a aplicação de energia eletromagnética ao organismo (de diferentes formas), com o fim de produzir sobre ele reações biológicas e fisiológicas, as quais contribuem para melhorar os distintos tecidos quando se encontram submetidos a enfermidades ou alteração metabólicas das células que o compõem.

Assim, quando uma lesão é tratada com energia térmica, elétrica ou mecânica são criadas melhores condições ambientais para que o processo de cura se instale. Segundo Starkey (2001, p. 234), ”transcutânea significa através da pele e estimulação do nervo implica em uma corrente com intensidade suficiente para provocar a despolarização dos nervos sensoriais, motores ou de dor”.

A Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) como eletroterapia de baixa frequência, estimula seletivamente as fibras táteis de diâmetro largo sem ativar as fibras nociceptivas de menor diâmetro, promove o alívio da dor e com isso ganhos funcionais (CHIARELLO; DRIUSSO; RADL, 2005).

A TENS é considerada a eletroterapia mais usada para produzir o alívio da dor, e é popular por não ser invasiva, ser fácil de administrar e ter poucos efeitos colaterais (KITCHEN, 2003).

Modos e parâmetros da TENS

Modo Convencional ou de Alta Frequência

De acordo com Kitchen (2003) esse tipo de estimulação tem como objetivo ativar seletivamente fibras Aβ de diâmetro largo sem ativar ao mesmo tempo fibras Aγ e C, de pequenos diâmetros e relacionadas com a dor. É caracterizado por uma alta frequência, 60 a 100 p.p.s, e por uma baixa amplitude de estimulação, menor que 100 μs, com intensidade sensorial o que causa uma parestesia cutânea confortável, sem contração muscular e ativa o portão modulador da dor no nível da medula espinhal (STARKEY, 2001; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

Para Kitchen (2003) a frequência é entre 10 e 200 p.p.s com duração de 100-200 µs, a colocação dos eletrodos deve ser sobre o local de dor ou dermátomo, a duração do tratamento conforme o necessário, o início e o término para o alívio da dor é rápido, menos de 30 minutos após ser ligada e depois de desligada, respectivamente.

O modo convencional da TENS é eficaz no tratamento de lesão aguda de tecido mole, dor associada com distúrbios musculoesqueléticos, dor pós-operatória, inflamatória e miofascial (STARKEY, 2001).

TENS acupuntura ou Modo Burst ou de Baixa Frequência:

Consiste em frequências de pulso baixas, 2 a 4 p.p.s, com longa duração de pulso de 100 a 300 μs e intensidade à nível motor ativando as fibras motoras e os nociceptores de pequeno diâmetro.

De acordo com Starkey (2001, p. 237), esse modo “estimula a glândula hipófise a liberar substâncias químicas que estimulam a produção de β-endorfinas que reduzem a dor”. Isso ocorre porque a hipófise libera hormônio adenocorticotrópico e β-lipotropina que por sua vez, liberam β-endorfinas que se ligam às fibras Aβ e C, bloqueando a passagem da dor.

A estimulação nesse modo deve provocar contração muscular confortável ao paciente, a duração do tratamento é aproximadamente 30 minutos, devendo os eletrodos ser colocados sobre o ponto motor, sobre a dor ou miótomo, e a sua analgesia dura horas após ser desligada. A TENS baixa pode ser usada para dor crônica, dor provocada por lesão de tecidos profundos, dor miofascial e por espasmo muscular (KITCHEN, 2003).

TENS Breve-Intensa:

A Tens é liberada em frequência de pulso elevada, maior que 100 p.p.s, e pulso de longa duração, 300 a 1.000 μs e intensidade no nível motor, com duração de tratamento entre 15 a 30 minutos, o alívio da dor após o tratamento é menor que 30 minutos, e é recomendada para redução da dor antes de exercícios terapêuticos.

O alívio da dor com esse modo é obtido por meio da formação de uma alça de retroalimentação negativa dentro do sistema nervoso central que de forma geral irá inibir a liberação da substância P, um neurotransmissor que causa dor (STARKEY, 2001).

TENS no controle da dor

O uso da TENS no tratamento da dor é um subproduto do trabalho realizado por Melzack e Wall em 1965, que descreve a Teoria das Comportas da dor. Nesta teoria, a corrente elétrica aplicada às terminações nervosas na pele, viajam até o cérebro através de fibras nervosas seletivas (fibras A).

Estas fibras passam pela substância gelatinosa da medula espinhal e que contém células especializadas (células T) na transmissão neural e que auxiliam as fibras A na condução das sensações ascendentes de dor até o tálamo (“centro da dor” do cérebro). As pequenas fibras C, carregadoras do sinal de dor, têm uma velocidade de transmissão menor que a das fibras A, cujo sinal normalmente alcança o cérebro antes da transmissão das fibras C, bloqueando assim a sensação dolorosa. As células T são consideradas como comportas pelas quais os sinais devem passar, sendo que a sobrecarga de transmissão das fibras A bloqueiam a transmissão mais lenta das fibras C.

Outra explicação para o efeito analgésico da TENS é a liberação de endorfinas, que são analgésicos endógenos liberados sempre que o corpo sente dor. Para Starkey (2001, p. 237), “a TENS de baixa frequência e de alta intensidade estimula a glândula hipófise a liberar substâncias químicas que estimulam a produção de β-endorfinas que reduzem a dor”. Isso ocorre quando a glândula hipófise libera hormônio adrenocorticotrópico e β-lipotropina no sangue, provocando a liberação de β-endorfina, que se liga aos sítios dos receptores das fibras Aβ e C, impedindo a propagação da dor (STARKEY, 2001).

Colocação dos eletrodos

Segundo Starkey (2001) os métodos de colocação dos eletrodos para TENS incluem:

  • Colocação direta sobre a pele, no local dolorido ou em volta dele, sendo os canais dispostos paralelamente;
  • Colocação contígua, na qual os eletrodos são aplicados na vizinhança da dor, com os eletrodos paralelos ou perpendiculares ao centro da dor;
  • Colocação em pontos de estimulação como pontos motores, gatilho e de acupuntura;
  • Colocação em dermátomos, sendo um eletrodo colocado na raiz do nervo correspondente e o outro na terminação distal do dermátomo;
  • Colocação no nível da medula espinhal, sendo o eletrodo colocado paralelamente à coluna espinhal, entre os processos transversos;
  • Colocação contralateral, sendo os eletrodos colocados no lado oposto da dor, sendo este método baseado na teoria da transferência bilateral, onde os impulsos de um lado do corpo se confundem com os impulsos nociceptivos vindos do outro lado.

Indicações e contraindicações

A TENS em geral é usada no tratamento da dor aguda, como nos casos de dor pós-operatória, obstétrica, dismenorreia, dor musculoesquelética, fratura óssea e em procedimentos dentários. É usada também, em casos de dor crônica como lombalgia, artrite, coto e dor fantasma, neuralgias, lesão de nervos periféricos, dor facial, dor óssea metastática e angina pectoris.

As contraindicações incluem dor de origem desconhecida, em pessoas com marca-passos ou doenças cardíacas, epilepsia, no primeiro trimestre de gestação, sobre o seio carotídeo, pele danificada ou disestésica ou internamente na boca (KITCHEN, 2003).

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